Realizado em 1934 por John Ford, “E o Mundo Marcha” tem um brasileiro como ator destacado.
John Ford, um dos maiores nomes da história do cinema
Herondes Cezar*
Especial para o Jornal Opção
John Ford foi, sem sombra de dúvida, o mais importante cineasta de Hollywood de seu tempo, tanto que é o único, até hoje, que ganhou quatro Oscars.
Por isso, assistir a um filme de Ford nunca visto é sempre um acontecimento. Graças à televisão, de vez em quando isto se torna possível. Assim aconteceu com a exibição do filme “E o Mundo Marcha”, de 1934, pelo canal TeleCine Cult. Trata-se de um filme profético, que prevê a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A história começa em 1825, com a união de duas famílias, Girard e Warburton, uma americana e a outra inglesa, as quais comerciam algodão e têm filiais na França e na Alemanha. Depois o enredo dá um salto para 1914, para acompanhar a trajetória dos netos das duas famílias, provenientes de quatro países: Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha.
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial a família Girard fica dividida entre os ramos americano e francês, de um lado, e o alemão, de outro. Os primos Richard, americano, e Henri, francês, são feridos em batalha e tomam destinos diferentes no pós-guerra. Enquanto o primeiro se dedica de corpo e alma aos negócios, o segundo se torna padre. E os negócios prosperam vertiginosamente nos anos 1920.
Mas os adoradores do deus dinheiro não contavam com a falência das bolsas de valores em 1929. A família Girard perde toda a fortuna subitamente, e passa a desejar uma nova guerra, na esperança de se enriquecer de novo.
Então, o filme mostra tropas marchando na Alemanha, no Japão, na Rússia e na França, além de uma esquadrilha de aviões de guerra americanos. E termina mostrando um crucifixo, o mesmo com o qual começou a história. Isto é de grande significado em um filme de John Ford, que era um católico de família irlandesa.
Fica evidente que o filme propõe a religião como uma saída contra a ganância financeira.
Para nós, brasileiros, o filme tem um detalhe muito interessante. O personagem Henri Girard é interpretado pelo ator brasileiro Raul Roulien. Ele interpreta também Carlos Girard, o avô de Henri, e tem participação destacada na história.
A atuação de Roulien certamente marcou John Ford, pois em 1967 ele encontrou o diretor brasileiro Glauber Rocha num festival de cinema no Canadá e lhe perguntou como estava Raul. Glauber indagou-lhe qual Raul e Ford arrematou: “Raul Roulien, meu amigo e grande ator”.
*Herondes Cezar é crítico de cinema.
Fonte : http://www.jornalopcao.com.br/posts/opcao-cultural/o-filme-de-john-ford-que-previu-a-2-guerra-mundial
Imagens do filme : http://www.cineplayers.com/imagem/e-o-mundo-marcha/10490/10490_03.jpg
Filme parece pura mensagem subliminar. Duas famílias adoradoras do deus dinheiro com seus netos (filiais) pela Europa. Desejam (promovem?) uma guerra para auferir lucros. A verdade de forma velada.
Abraços
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